Muitas são as explicações para a consolidação de um poder paralelo (marginal) dentro do Rio de Janeiro ao longo dos últimos trinta anos. E, em todas as teorias, a droga aparece como o principal catalisador, potencializada pela ausência do poder público nas comunidades, que órfãs se encantam com a atenção demonstrada pelos marginais, não sabendo que estariam condenadas ao domínio do medo e do terror.
Passados aproximadamente trinta anos, e não estando clara a motivação, o poder público, em uma atitude inédita de profunda articulação e entendimento organiza uma das mais brilhantes ações entre forças policiais e decide retomar para o uso público um território até então controlado e utilizado para os interesses do mal.
A ação do poder público iniciada na última semana corresponde a um verdadeiro jogo de xadrez e está longe de ser concluída. Trata-se de uma colcha de retalhos que o estado terá que costurar muito bem costurada para que os frutos dessa ação sejam perenes e não temporários.
Refletindo sobre os fatos, veio-me uma questão: E como ficam os drogaditos? Quem vai dar atenção a essas pessoas? Eles são dependentes de droga! O acesso à droga vai ficar bastante difícil agora. Passada uma semana essas pessoas vão entrar em crises de abstinência.
Como sabemos o traficante não é viciado. Ele estabelece o seu império viciando as pessoas que passam a fazer qualquer coisa para ter acesso à droga. E esse é o detalhe do poder destrutivo do vício, pois essa “qualquer coisa” literalmente não tem limites!
A ação que foi desencadeada, por qualquer que tenha sido o motivo, agora não pode parar. A caça aos traficantes tem que ser impiedosa. Drogas e armas devem ser procuradas como se procura ouro em um garimpo. O Estado precisa ocupar de forma efetiva o espaço que ficou vazio. Atenção especial deve ser dispensada ao usuário dependente de drogas que reside no Complexo do Alemão e à sua família. Esse deveria ser o símbolo da retomada do espaço pelo poder público. Afinal muitas dessas pessoas se encaminharam para o vício devido à ausência do Estado. Essas pessoas, que por qualquer motivo se tornaram dependentes, vão entrar em profundo sofrimento psíquico nos próximos dias pela ausência da droga e isso poderá refletir numa retomada da violência sem precedentes afinal, nessa região densamente povoada devem existir dependentes químicos aos milhares. O fato é que, como diz a sabedoria popular, não se faz omeletes sem quebrar os ovos. Os ovos foram quebrados e alguma omelete precisa ser feito. Que seja feita a melhor omelete!
Drogadito: O mesmo que dependente, usuário dependente, toxicômano, dependente químico, farmacodependente.