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Saúde não tem preço, mas tem custos; e o custo é alto!

Antes de discorrer sobre o tema proposto, parece oportuno problematizar em busca do entendimento acerca do que seriam "preço" e...

Incidentes de Biossegurança - Caso Nº 03.

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Macaco rhesus
Marguerita estava transportando um macaco rhesus - dentro de uma gaiola - para outra sala do laboratório, quando percebeu que um líquido oriundo da gaiola atingiu seu olho. Ela tratou de secar o local e relatou o ocorrido ao seu chefe, o qual  ponderou, alegando tratar-se de um incidente sem maiores consequências. Sendo assim, Marguerite deu prosseguimento ao seu turno de trabalho. Duas semanas depois Marguerite apresentou edema no olho, acompanhado de forte dor de cabeça e febre alta. A funcionária foi encaminhada ao hospital, onde ficou internada por três dias, sendo tratada com Aciclovir. Dez dias após a alta, Marguerite voltou a ser internada, agora com fraqueza dos membros inferiores, que evoluiu para paralisia parcial. Nesse período também apresentou importante dificuldade respiratória, sendo colocada em respirador artificial. O quadro evoluiu para coma, culminando com a morte da profissional. Exames revelaram infecção pelo vírus do Herpes B.

Infecção pelo vírus B - também conhecido como vírus herpes B, vírus B de macaco, herpesvírus simae e herpesvírus B - é extremamente rara em humanos porém, quando ocorre, pode resultar em lesão neurológica grave ou encefalomielite fatal se o paciente não for tratado logo após a exposição. Trata-se de vírus comumente encontrado entre os macacos, incluindo os macacos rhesus, macacos rabo de porco e os macacos cynomolgus (conhecidos como macacos comedores de caramujos ou de cauda longa), os quais podem albergar infecção latente pelo referido vírus ou manifestar sinais / sintomas leves. Coelhos, cobaias e ratos podem ser infectados experimentalmente com o vírus B.

Laboratórios que utilizam animais para infecção experimental devem sempre considerar a possibilidade desses animais serem portadores sadios das mais variadas entidades biológicas, sobretudo entidades virais. Como regra, laboratórios de zoonoses estão inseridos na classe 3 de risco e devem trabalhar com o nível de biossegurança III, o que inclui o uso de gaiolas de contenção máxima para o transporte de espécimes. Essa contenção prevê, inclusive a retenção de aerossóis produzidos por esses animais em função de espirros e da própria respiração, pois o líquido que atingiu o olho de Marguerite pode ter sido lançado a partir de um espirro do animal. Se foi assim podemos concluir que a gaiola não era adequada e que a profissional não fazia uso de protetor facial, que é obrigatório na manipulação de animais!

Como vimos, a infecção humana pelo vírus B não é comum, o que nos leva a pensar sobre a condição imunológica da funcionária em questão. Será que o laboratório onde Marguerita trabalhava tinha como protocolo o controle sorológico da equipe? Se tinha, será que havia restrições em relação a Marguerita e essas restrições não foram observadas?

Mesmo considerando as possíveis falhas de protocolo identificadas neste laboratório, parece que negligenciar o acidente sofrido por Marguerite representou o total despreparo do serviço, pois o chefe do laboratório não refletiu sobre a situação grave relatada pela funcionária. Talvez a desatenção dispensada ao acidente seja apenas o reflexo da necessidade de capacitação de toda a equipe.

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Mais informações podem ser buscadas em http://www.cdc.gov/herpesbvirus/



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